Um olhar atento à preparação do ano de 2020
- Automobile
- Mar 13, 2020
- 7 min read
Updated: May 29, 2020

“Ready, set, go”. A temporada de 2020 de Fórmula 1 já está à espreita. Ainda que comece, oficialmente, entre os dias 13 e 15 de março em Melbourne, para o Grande Prémio da Austrália já se afinam motores, definem-se estratégias e os mais pequenos detalhes para mais uma grande época de espetáculo motorizado.
O Circuito da Catalunha, em Barcelona, foi o palco da primeira luz verde de 2020 ao receber equipas e pilotos para os testes de pré-época. Acompanhe-nos, caro leitor, nesta antevisão com direito a um lugar na primeira fila para analisar todos os pormenores que as equipas deixam escapar. Um aspeto podemos prometer… Adivinha-se mais uma grande temporada, com verdadeiras obras de arte deixadas em pista.
Mercedes
A equipa alemã com os protagonistas do costume, Valtteri Bottas e Lewis Hamilton, começaram a dar que falar logo na primeira semana de testes. Barcelona foi o palco onde a Mercedes apresentou a sua mais recente inovação. Dual Axis Steering, ou Direção de Eixo Duplo, um novo sistema de direção que permite aos pilotos ajustar o ângulo dos pneus dianteiros através do volante do carro. A verdade é que a Mercedes deixou, na primeira ronda de testes de Barcelona, já alguns sinais de invencibilidade e, acima de tudo, de vontade em conquistar os lugares cimeiros das tabelas classificativas.
Depois de uma temporada sublime como foi a de 2019, as expetativas que a Mercedes carrega são algo elevadas. E, por isso, nada melhor do que arrancar a nova época com, neste caso, a roda direita. Sendo assim, as dobradinhas à moda da equipa alemã voltaram com o finlandês, Valtteri Bottas, a ser líder da primeira semana como o piloto mais rápido, com o britânico, Lewis Hamilton, a ficar imediatamente atrás do colega de equipa. Na segunda semana, Valtteri Bottas manteve-se intocável na frente e voltou a liderar a tabela dos melhores tempos registados. Para o atual campeão em título, Lewis Hamilton, a ronda número dois não foi tão sorridente devido a problemas no motor do carro, o que levou o britânico a questionar a fiabilidade técnica da equipa alemã.
Ainda assim, a palavra de ordem da Mercedes continua a ser a vitória e, garantidamente, que de tudo vão fazer para dar continuidade não só às dobradinhas, mas também às excelentes exibições dos seus dois protagonistas. A equipa alemã, liderada por Toto Wolf, começou da melhor forma o ano de 2020 e deixou o aviso bem consolidado de que quer continuar a alargar o seu palmarés.
Ferrari
Na garagem da equipa italiana está a mesma dupla de pilotos, Sebastian Vettel e Charles Leclerc. O veterano alemão e o jovem monegasco que, em 2019, protagonizaram uma temporada algo irregular com boas e más exibições. O melhor deixa-se sempre para o fim e foi na segunda parte da época passada que os pilotos deixaram a promessa de boas exibições para 2020.
No entanto, se há palavra que define a equipa italiana é “inconstante” e, por isso mesmo, a primeira semana de testes revelou alguns problemas para a Ferrari que se refletiram na exibição dos dois pilotos. Sebastian Vettel acusou algumas dificuldades no motor do monolugar, algo que o chefe da equipa, Mattia Binotto, reconheceu ao referir que o SF1000 estava mais lento quando comparado com a Mercedes e a Redbull. Nos melhores tempos registados da primeira ronda de testes, o alemão arrecadou um décimo quarto lugar e o monegasco, Charles Leclerc, ocupou a décima sexta posição. Na segunda semana, os homens da Ferrari redimiram-se e provaram que a Ferrari mantém-se acordada para lutar pelos lugares cimeiros da tabela classificativa, com Sebastian Vettel a liderar o penúltimo dia de testes e, numa análise final, Charles Leclerc conquistou o quarto melhor tempo registado e Sebastian Vettel o nono posto. É certo que nada fica provado nestas duas semanas de testes e, por isso, tudo está em aberto para a nova temporada de Fórmula 1. Será que vamos assistir a uma Ferrari inconstante de 2019 ou vai erguer-se uma equipa mais consolidada neste novo ano?
Redbull
Max Verstappen e Alexander Albon. Um holandês que deixou provado, no ano de 2019, ser um candidato forte para conquistar os mais altos lugares da tabela classificativa. Um tailandês com uma época de estreia de excelência, no passado ano, que garantiu ser uma promessa de poder integrar o grupo da frente.
Tudo está em aberto para 2020. Em Barcelona, na primeira semana, a Redbull optou por uma abordagem não focada em conquistar voltas mais rápidas, mas, sim, em garantir um maior número de quilómetros percorridos. Assim se justifica a nona posição de Max Verstappen e o décimo segundo lugar de Alexander Albon, no que aos melhores tempos registados da semana diz respeito. Mas, na segunda semana, Max Verstappen mostrou o desejo claro que tem em tornar-se no mais jovem campeão do mundo de Fórmula 1 e arrecadou o segundo melhor tempo. Já o colega de equipa, Alexander Albon, terminou no décimo oitavo posto.
Uma das fortes candidatas aos lugares de topo, a Redbull vai, com todas as certezas, querer chegar ao nível das melhores equipas, inclusive a Mercedes. A grande pergunta é: será que vai, realmente, conseguir?
Mclaren
Considerada, para muitos, a melhor equipa do segundo pelotão, Mclaren mostrou ser uma grande potência no ano de 2019, com Carlos Sainz a conquistar um pódio e Lando Norris a não ficar atrás, com um grande ano de estreia.
Na primeira ronda de testes, em terras espanholas, a Mclaren testou, no último dia, duas asas dianteiras diferentes e, numa análise final, Carlos Sainz registou o melhor tempo da equipa com um décimo primeiro lugar e Lando Norris ficou no fundo da tabela classificativa, na 20ª posição. Na segunda semana, o espanhol melhorou a sua exibição e protagonizou o oitavo melhor tempo. Para Norris, a situação não pareceu melhorar e apenas conseguiu o décimo nono posto.
No entanto, a Mclaren é uma equipa muito promissora que deixou uma esperança bastante crescente de excelentes exibições para esta nova época. A contar com uma excelente harmonia entre os dois pilotos, vai a Mclaren conseguir uma melhor exibição em 2020?
Renault
As diferenças são muitas na equipa que acabou por ser das maiores desilusões, na temporada passada. A mais gritante talvez seja o recém chegado, Esteban Ocon, ex-piloto reserva da Mercedes, que vai ocupar o lugar de Nico Hulkenberg. O jovem piloto francês já deixou a prova de que será um adversário a terem em conta depois de arrecadar o quarto melhor registo da primeira ronda de testes. Já Daniel Ricciardo conseguiu integrar o grupo dos dez melhores tempos da primeira semana. Na segunda ronda, a Renault conquistou o terceiro melhor tempo com Daniel Ricciardo e o sexto lugar com Esteban Ocon.
A Renault vai querer, de certo, redimir-se depois de uma época de 2019 que ficou bastante longe dos objetivos traçados. Se, por um lado, a semana de testes nada prova, por outro, lança algumas hipóteses daquilo que poderá ser a exibição das equipas ao longo da temporada que se avizinha e a Renault já marcou uma posição ao ser a equipa com melhor fiabilidade, nos testes de pré-época.
No segundo pelotão, gosto de chamar a isto ‘o pelotão copy/past’. Ou seja, vejamos:
Racing Point
Na Racing Point, houve ‘novidades’ no RP20. Um dos grandes arquitetos do carro rosa foi Larry Tesler, o cientista de computadores por detrás do “copy/ past”. O RP20 parece uma cópia exata do W10, o monolugar da Mercedes de 2019. Andy Green, engenheiro da Racing Point, diz que o monolugar foi desenvolvido pela equipa, com recurso ao túnel de vento da Mercedes (estreitando relações) e com a ajuda de fotos do W10, ou seja, nada de ilegal. Em equipa que ganha, não se mexe, e isso também se estende aos pilotos. A Racing Point mantém Sergio Pérez e Lance Stroll. Não vá ser um ‘filho do dono’ e o outro trazer dinheiro. Mas Pérez pode colocar o rosinha em muito boa posição. Já Stroll tem um longo caminho a seguir e sair da Q1 é muito importante para o jovem canadiano.
AlphaTauri e Haas
AlphaTauri e Haas seguem mais ao menos a mesma filosofia da Racing Point. A AlphaTauri com a sua relação com a RedBull e a Haas com a sua relação com a Ferrari.
Também como as equipas anteriores, as duplas de pilotos mantêm-se as mesmas. Entre estas duas, a AlphaTauri parece-me a mais preparada para 2020. A relação com a RedBull é mais benéfica e a dupla que corre, Pierre Gasly e Daniil Kvyat, é uma das mais experientes que a antiga Scuderia Toro Rosso leva para uma temporada.
Na Haas, as dúvidas mantêm-se. Depois de em 2019 terem tido imensos problemas com o monolugar, para 2020, este tira muito do Ferrari. Mas uma das maiores queixas de 2019 foram os pneus, que para 2020 são os mesmos. E ainda há Gene Haas, o dono da equipa, que já veio a público referir que 2020 tem de correr bem, ou, a equipa ‘acaba’. Romain Grosjean que tem-se aguentado na Fórmula 1 não sei eu como e Kevin Magnussen têm que impressionar esta temporada.
AlfaRomeo
A AlfaRomeo não muda muito para 2020. Alguns retoques no carro, que em 2019 começo bem, mas acabou mal. Antonio Giovinazzi vai ter de mostrar serviço e Kimi Raikkonen continua pela diversão na Fórmula 1. Melhor do que isto, não há. O finlandês tem ‘amor à camisola’.
Williams
Por fim, a Williams. A equipa foi a ‘chacota’ de 2019. Um monolugar atrasado, mais lento do que um barco a vapor parece ter sido o fundo do poço. Em 2020, em Barcelona, apresentaram melhorias. Agora resta saber se George Russell consegue o seu primeiro ponto na Fórmula 1. Russell terá como companheiro o ‘estreante’ mais preparado para a Fórmula 1, Nicholas LAtifi. O canadiano traz dinheiro, como é apanágio da equipa britânica, e também traz a experiência de já ter testado muitos outros monolugares ao longo da sua carreira.
Os dados estão lançados. Dia 15 de março, a Fórmula 1 começa no Grande Prémio da Austrália.
Até lá, podem acompanhar o Três Dois Um – Automobile, e, claro, os artigos de opinião da Madalena Costa sobre as corridas de Fórmula 1.
David Pacheco e Madalena Costa
Artigo revisto por Rita Asseiceiro
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