O 'Fator X' da Mercedes
- Automobile
- Oct 30, 2019
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A cidade das mil cores e dos mil sabores, a cidade do México, foi o palco da décima nona ronda do campeonato de Fórmula 1. Um Grande Prémio emocionante com um circuito composto por três zonas de DRS e 17 curvas.
A emoção desta décima nona ronda começou muito antes das luzes apagadas dos semáforos que ditam o arranque da corrida. O fim-de-semana não começou da melhor maneira para a Mercedes com Valtteri Bottas a sofrer um incidente, na Q3.
Já Max Verstappen esteve a um pequeno passo de conquistar a segunda pole position da carreira. Contudo, uma injeção de honestidade atacou o piloto que confessou, na conferência de imprensa da qualificação, que não teria abrandado a velocidade depois de avistar as bandeiras amarelas, em consequência do incidente de Valtteri Bottas. O holandês foi ouvido por os senhores poderosos do mundo da Fórmula 1 e o veredicto foi decidido: os comissários desportivos decidiram penalizar Max Verstappen com três lugares na grelha de partida.
O homem da pole position foi o monegasco da Ferrari, Charles Leclerc, imediatamente seguido pelo colega de equipa, Sebastian Vettel. Lewis Hamilton seguiu na terceira posição, na frente do penalizado Max Verstappen. O finlandês, Valtteri Bottas, começou a corrida na sexta posição atrás de Alexander Albon.

O arranque do Grande Prémio de Fórmula 1 foi dos mais emocionantes desta temporada. Os semáforos apagaram-se e os homens da Ferrari não vacilaram e conseguiram seguir embalados na liderança. Na segunda linha de grelha de partida estavam Lewis Hamilton e Max Verstappen. O holandês queria a todo custo conquistar o terceiro posto, contudo o britânico não estava em posição de facilitar a vida ao piloto da Redbull.
A persistência de Verstappen foi gritante e o jovem piloto conseguiu colocar o seu monolugar lado a lado com o Mercedes de Lewis Hamilton. No entanto, a curva estava a aproximar-se e a pista deixou de ter tamanho suficiente para os dois pilotos que se viram obrigados a recorrer à relva para, numa tentativa de grande elegância, evitar qualquer acidente mais grave. Deste início atribulado de corrida, Lewis Hamilton conseguiu libertar-se de Max Verstappen.
Ainda assim, Alexander Albon aproveitou e conquistou a terceira posição, deixando Lewis Hamilton no quarto posto, com uma pressão sempre ativa dos homens da Mclaren: Carlos Sainz e Lando Norris. O finlandês da Mercedes, Valtteri Bottas, seguia na sétima posição, na frente de Max Verstappen. Na liderança da corrida continuava Charles Leclerc, seguido de Sebastian Vettel.
A situação não parecia melhorar para Max Verstappen que tinha agora um desafio chamado Valtteri Bottas. Na luta com o finlandês pela sétima posição, Max Verstappen foi o primeiro a atacar e a conseguir a ultrapassagem. Na resposta de Bottas, o Redbull de Verstappen sofreu um toque do Mercedes e furou a roda traseira. O piloto holandês foi obrigado a dirigir-se às boxes e acabou por cair para a última posição. Este não era de todo o Grande Prémio de Verstappen: primeiro perdeu a pole position, depois perdeu a conquista pela terceira posição e, como não há duas sem três, perdeu a luta com Valtteri Bottas pelo sétimo lugar, caindo para o último posto da tabela classificativa.

O Grande Prémio do México ficou marcado pelas diferentes estratégias adotadas pelas diferentes equipas. Antes de aprofundar o tema, deixe dirigir-me a si, caro leitor, e fazer um exercício de reflexão ao pensar qual das equipas teria mais probabilidade de ficar favorecida com a sua estratégia: a Ferrari ou a Mercedes? Vamos analisar os factos.
A Ferrari decidiu agir cedo na corrida e chamou o monegasco, Charles Leclerc, na volta número 16, altura em que os homens da Mercedes ocupavam o terceiro e quarto lugar fruto da pitstop de Alexander Albon. Nas boxes, Leclerc calçou um jogo de pneus médios, o que ditou a segunda paragem obrigatória do piloto da Ferrari mais à frente, na corrida. Nesta altura, Sebastian Vettel era o líder com Lewis Hamilton na segunda posição. Valtteri Bottas seguia em terceiro e Charles Leclerc, regressado das boxes, era quarto.
A resposta da Mercedes surgiu na volta 23 com o piloto britânico a calçar pneus duros na esperança de não ter de se dirigir às boxes, futuramente. Uma volta depois foi a vez de Vettel ser chamado, mas o veterano da Ferrari não cumpriu as ordens da equipa e manteve-se na liderança da corrida, seguido de Valtteri Bottas. Charles Leclerc seguia na terceira posição, na frente de Lewis Hamilton.
A Mercedes voltou a mexer na volta 37, desta vez com Valtteri Bottas a montar pneus duros. A resposta foi imediata da Ferrari que uma volta depois calçou pneus duros no monolugar de Sebastian Vettel. Assim, Leclerc chegou à liderança com Hamilton na segunda posição. Alexander Albon seguia em terceiro, com Sebastian Vettel em quarto e Valtteri Bottas a rodar em quinto.
A Ferrari adotou duas estratégias diferentes para os dois pilotos com Sebastian Vettel a fazer apenas uma paragem e Charles Leclerc a cumprir duas pitstops, a segunda que foi feita na volta 43 para a montagem de pneus duros. A equipa italiana demorou mais tempo do que aquele que era suposto na troca de pneus e o monegasco recomeçou a corrida em quinto. A Redbull chamou Alexander Albon para a última paragem nas boxes, uma volta depois. A estratégia da Mercedes resultou na perfeição para Lewis Hamilton que agarrou com unhas e dentes a liderança da corrida, na volta 44.
Caro leitor, volto a dirigir-me a si para fazer, novamente, a pergunta antes feita: qual a equipa com mais probabilidade de sair favorecida com a estratégia adotada? Analisados os factos, a Mercedes seria a resposta óbvia uma vez que, em mais um Grande Prémio, a Ferrari pareceu agir por impulso. Chamar Charles Leclerc num momento muito prematuro da corrida, à volta 16, para colocar um jogo de pneus que entregou a estratégia da Ferrari à Mercedes porque ficou definido ali que, pelo menos, um piloto da equipa italiana teria que fazer uma segunda paragem obrigatória. Depois da resposta da Mercedes, a Ferrari foi atrás do prejuízo e montou pneus duros nos dois pilotos.
No entanto, as paragens nas boxes, aquando de uma corrida em que as almofadas de distância entre pilotos não é assim tão considerável, compromete as posições mais altas da tabela classificativa. Mais uma pitstop, menos uma pitsop e Lewis Hamilton foi trilhando o seu caminho até à primeira posição.
De garras afiadas, o britânico da Mercedes não perdeu a liderança da corrida desde que a conseguiu alcançar, ao abrigo da volta número 44. Cumpridas as 71 voltas ao circuito mexicano, Lewis Hamilton somou a vitória número 83 da carreira. Sebastian Vettel terminou na segunda posição, com Valtteri Bottas a completar o pódio. Uma excelente corrida de Alexander Albon deixou o piloto da Redbull na quinta posição, na frente do colega de equipa Max Verstappen, que num leque de ultrapassagens, conseguiu ascender à sexta posição. O piloto da casa Sergio Perez terminou na sétima posição, com Daniel Ricciardo em oitavo. Nona posição para Pierre Gasly e a fechar o top 10 o Renault de Nico Hulkenberg.

A Mercedes provou, uma vez mais, uma segurança muito maior na estratégia que adotou e, também uma vez mais, mostrou à Ferrari que uma boa estratégia pode ditar os vencedores da corrida. Nem tudo aquilo que parece é e a Ferrari, partindo das duas primeiras posições da grelha de partida, poderia ter controlado de outra forma esta décima nona ronda do campeonato. Falta sempre o tal “factor x” que faz totalmente a diferença e que entregou a vitória à Mercedes.
Nas contas finais do campeonato, Lewis Hamilton acentua a liderança com um total de 363 pontos. Valtteri Bottas é segundo com 289 e Charles Leclerc segue em terceiro com 236 pontos.
A Fórmula 1 segue para os Estados Unidos para cumprir a décima ronda do campeonato entre os dias 1 e 3 de novembro.
Madalena Costa
Foto de capa - Mercedes AMG F1
Artigo corrigido por Rita Asseiceiro
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