MAIS UMA TENTATIVA FALHADA DA FERRARI
- Automobile
- Apr 17, 2019
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A Fórmula 1 foi, este fim-de-semana, até Xangai, na China, para mais um Grande Prémio. Mas este não era para ser só mais um. As expectativas eram que fosse o Grande Prémio da temporada: chegou-se finalmente ao milésimo Grande Prémio da história da Fórmula 1.
No Circuito de Xangai, os pilotos contaram com uma pista com um total de 5.421 km, 56 voltas e 2 zonas de DRS. No historial de vitórias, Lewis Hamilton foi o piloto que mais vezes triunfou. O piloto britânico tinha até então ganho por 5 vezes, no circuito chinês.
Sem grande surpresa, os suspeitos do costume ocuparam as quatro primeiras posições na grelha de partida: Valtteri Bottas na pole position, seguido de Lewis Hamilton. Sebastian Vettel e Charles Leclerc.

As cinco luzes vermelhas apagaram-se e, finalmente, começou o tão esperado Grande Prémio número 1000. Lewis Hamilton levou à melhor de Valtteri Bottas na primeira reta e, rapidamente, passou a liderar a corrida. Já Charles Leclerc ultrapassou o seu colega de equipa, Sebastian Vettel, e seguia em terceiro.
A corrida não teve um arranque de todo positivo para os Mclaren de Carlos Sainz e Lando Norris e o Toro Rosso de Daniil Kvyat. Logo na primeira volta, houve um efeito dominó entre os três pilotos. O Toro Rosso de Daniil Kvyat ficou no meio dos dois Mclaren. O primeiro toque é entre Kvyat e Carlos Sainz que não consegue evitar o contacto com Lando Norris, fazendo com que o Mclaren fosse “atirado” para fora da pista. Tanto Carlos Sainz como Lando Norris viram-se obrigados a ir às boxes e trocaram para pneus mais duros. Já Daniil Kvyat sofreu uma penalização, tendo sido considerado culpado pelos comissários.
Os cinco primeiros mantinham-se intactos a 10 voltas do início da corrida: a Mercedes liderava com Lewis Hamilton, seguido de Valtteri Bottas. Charles Leclerc era terceiro, à frente do veterano Sebastian Vettel. O Redbull de Max Verstappen garantia a quinta posição à frente do colega de equipa Pierre Gasly.
Mas é na volta 11 que acontece o inesperado: a Ferrari e a sua grande desorganização em quem devia ser o piloto a ocupar o terceiro lugar. Entre conversas com Charles Leclerc, a equipa da Ferrari avisou o piloto monegasco que, uma vez que a Mercedes estava a ganhar cada vez mais espaço, tinha que se aproximar e que aumentar a velocidade. Caso contrário, eram dadas ordens para Leclerc ceder a passagem a Vettel. As indicações foram dadas mais rápido do que todos estávamos à espera e foi nessa mesma volta que Sebastian Vettel ultrapassou Charles Leclerc e assumiu a responsabilidade de pressionar os homens da Mercedes.
A passagem de Vettel não teve tanto sucesso como a Ferrari estava à espera. A situação parecia ter estagnado. Não perdiam as posições de terceiro e quarto, mas também não conseguiam arrancar a Mercedes dos dois primeiros lugares do pódio. Como que num disco repetido, em plena volta 16 da corrida, a Ferrari transmitiu a mesma mensagem do que há 5 voltas. Mas desta vez foi ao veterano Sebastian Vettel. O piloto alemão tinha duas hipóteses: ou aumentava a velocidade e a consequente pressão a Lewis Hamilton e Valtteri Bottas ou Charles Leclerc voltava a subir um lugar na tabela.
Porém, a Ferrari pareceu esquecer-se de um pequeno pormenor chamado Max Verstappen. O piloto holandês não desistia de fazer pressão. Na volta 18, o holandês foi à boxe colocar pneus duros para fazer um undercut à Ferrari e tentar ganhar a posição. Sem demorar muito tempo a reagir, na volta 19, a Ferrari sentiu necessidade de chamar Sebastian Vettel à boxe. Decidiu seguir a mesma estratégia que a Renault: o piloto, que estava na posição mais elevada da tabela, tinha prioridade e seria o primeiro a fazer a paragem da boxe. Sebastian Vettel trocou para pneus maduros para se defender do holandês. Charles Leclerc aproveitou a paragem do colega de equipa e voltou a ocupar a terceira posição, à frente de Pierre Gasly. Sebastian Vettel seguia em quinto, à frente de Max Verstappen.
A luta entre Sebastian Vettel e Max Verstappen chegou mesmo a acontecer, na volta 20. O holandês ainda ultrapassou Vettel. No entanto, o alemão defendeu-se de uma maneira notável, recuperando a posição.
A luz acendeu-se ao fundo do túnel para a Ferrari quando Valtteri Bottas, na volta 22, se dirigiu às boxes. Charles Leclerc aproveitou a paragem do finlandês e subiu à segunda posição. Contudo, esta corrida não se mostrou de todo positiva para Leclerc. Tudo parecia correr mal. Quando estava finalmente na segunda posição, na volta 23, a Ferrari pede ao piloto monegasco para se dirigir às boxes para a troca de pneus. Leclerc caiu para a quinta posição, atrás de Max Verstappen. Lewis Hamilton continuava a liderar, à frente de Valtteri Bottas. Sebastian Vettel era terceiro.
Mais uma vez, a história repetiu-se umas voltas depois. Com o Redbull de Max Verstappen a regressar às boxes, na volta 35, e Sebastian Vettel, na volta 36, Leclerc conseguiu subir duas posições na tabela. Os Mercedes decidiram ir às boxes também e Leclerc ia aproveitando para melhorar a sua posição.
Contudo, com DRS ativado, Valtteri Bottas conseguiu ultrapassar Leclerc, empurrando o monegasco para a terceira posição. Na volta 43, com Leclerc nas boxes, Vettel e Verstappen recuperaram posições. Não era de todo o dia de Leclerc que estava, novamente, na quinta posição.
O Top 10 ficou definido a partir da volta 43. Mais uma vitória para a coleção de 75 triunfos de Lewis Hamilton. Valtteri Bottas ocupou o lugar intermédio do pódio. Max Verstappen não conseguiu superar Vettel e foi quarto, atrás do veterano da Ferrari. Uma excelente prestação de Pierre Gasly deixou o piloto da Redbull na sexta posição, atrás do Ferrari de Leclerc. O Renault de Daniel Riccardo ficou na sétima posição e triunfou no segundo poletão. A Racing Point conseguiu o melhor resultado da temporada com o piloto mexicano Sergio Pérez a ocupar a oitava posição, à frente do Alfa Romeo de Kimi Raikkonen. O Toro Rosso de Alex Albon terminou a corrida em décimo. Uma boa prestação do piloto tailandês que arrancou do pitlane por um acidente no terceiro treino livre que o impediu de participar na qualificação.

Um Grande Prémio que não acabou sem algumas baixas na corrida. O primeiro foi Nico Hulkenberg que, na volta 18, apresentou problemas no Renault e não prosseguiu a prova. Fruto do choque cedo na corrida, Daniil Kyvat desistiu, na volta 43, e, dez voltas depois, Lando Norris dá por finalizada a sua prestação na corrida.
Esta ronda do campeonato de Fórmula 1 foi especial pelo número de Grandes Prémios, mas não foi especial pela corrida como se esperava. Não houve muito mais do que o incidente entre a Mclaren e a Toro Rosso e trocas de pneus nas boxes. É claro que a grande confusão entre Leclerc e Vettel não deixou ninguém indiferente, mas talvez haja realmente um padrão a que cada vez mais a Ferrari nos habitua: gera grandes expetativas na qualificação, mas na corrida nunca se mostra capaz de superar a Mercedes. Falta sempre qualquer coisa.
Mais uma dobradinha da Mercedes que permitiu ao britânico Lewis Hamilton passar para líder do campeonato com 68 pontos. Valtteri Bottas é segundo com 62 pontos e Max Verstappen é terceiro com 39 pontos.
A próxima ronda do campeonato é no Circuito do Azerbeijão nos dias 26 a 28 de abril.
Madalena Costa
Foto de capa - Fonte - Twitter Fórmula 1
Artigo corrigido por Rita Asseiceiro
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